A corrupo e a Previdncia

Temos acompanhado com grande preocupao, pela imprensa e mesmo junto ao Congresso Nacional, as tentativas de
Reforma Previdenciria, com base no seu alegado imenso dficit. No h dvida que alguma coisa deve ser feita para evitar no futuro a falncia do sistema, inclusive
com o no pagamento de benefcios.

No entanto, a coisa no pode ser no afogadilho que se pretende, sem considerar os vrios aspectos do problema e somente custa do trabalhador. De fato, no se pode, por exemplo, colocar como salvao do sistema o limite mnimo de idade, de 65 anos, sem maiores consideraes, visto que a mdia de vida do brasileiro, como toda mdia, comporta injustias, para cima e para baixo do nmero apresentado.
Como se diz na anedota, o sujeito que est com o p no congelador e a cabea no fogo provavelmente estar com uma m-dia muito boa de temperatura, mas certamente estar morto….

APOSENTADORIA AOS 65 ANOS

Assim, se para se aposentar ter-se- de ter 65 anos, parcela muito grande da populao contribuinte NUNCA se aposentar,
pois morrer antes, especialmente entre os que tm funes mais duras e alimentao mais pobre, como o caso da imensa
maioria dos brasileiros.

Assim, tambm no se pode simplesmente comparar com outros pases onde o nvel alimentar muito melhor que o nosso.

Os 65 anos deles no so iguais aos nossos…
Dessa forma, ficar constrangedor saber que o aposentado somente ter 100% de benefcio (veja bem, no da mdia salarial, mas, 100% da mdia das contribuies j
limitadas), aps 49 anos de contribuio! Ou seja, os que conseguirem se aposentar antes de morrer no o faro, certamente, no limite permitido (embora tenham contribudo
por ele o perodo todo).

A PREVIDÊNCIA NO DEFICITÁRIA

A forma mais inteligente para minorar o grande problema da Previdncia (porm muito trabalhosa e certamente contrariando
interesses privados de sonegadores e fraudadores, seria combater a corrupo).

Uma reforma que contemple o mix de seriedade no sistema com algum sacrifcio do aposentado. Mas, jamais, como se pretende, tudo nas costas do trabalhador, mantendo livres os sonegadores e fraudadores na sua incansvel tarefa de
lesar o sistema.

H que se ter em mente que a aposentadoria dos trabalhadores comuns no deficitria. O dficit ocorre por causa das
aposentadorias rurais (sem contribuies) e dos funcionrios pblicos (cuja contribuio, embora mais elevada, no consegue cobrir a demanda de sua aposentao).

Ento, no justo que grande parcela dos contribuintes (maioria) pague o nus de regularizao de todo o sistema.
Quanto ao ruralista, hoje a grande agricultura (nico setor altamente exitoso no pas) deveria ser convocada a assumir o
prejuzo que seu setor ocasiona ao sistema.

A unificao dos funcionrios pblicos, com o sistema geral, tambm no foi uma boa ideia. Caberia, para eles, montar-se
um sistema que arque com toda a demanda de sua aposentadoria.

Em casa que falta po todo mundo briga, mas ningum tem razo.De qualquer modo, cabe aqui o ditado acima citado. Ou seja, no caso, onde falta receita financeira, no h como sustentar o sistema todo, com todos os perrengues
citados.

Como tem sido histrico, em face das retenes muito elevadas para a seguridade social, crescendo o pas a 5% ou 6% ao
ano, haver arrecadao previdenciria suficiente para atender empregados comuns, ruralistas e funcionrios pblicos
(embora a, todos satisfeitos, ningum se interessar em cobrar as fraudes e sonegaes).

nossa histria… Quando sobra dinheiro, ningum se preocupa em moralizar o sistema, quem sabe para reduzir as incidncias,
ou melhorar os valores de benefcios.

Ficamos sempre na zona do conforto, com o pouco que temos.

O QUE FALTA AOS POLÍTICOS NACIONAIS

Por isso que, novamente, ao poltico administrador muito mais fcil tirar direitos do cidado do que ele prprio fazer
seu dever de casa, promovendo o desenvolvimento do pas. que para isso preciso muito trabalho e muita competncia,
o que lhes falta… incrvel que os polticos nacionais, tendo
em suas mos uma terra to abenoada em extenso, minrios abundantes, litoral imenso, gente acessvel, nvel industrial
e comercial relativamente bem estruturado, no conseguem tirar o pas do atoleiro. E inertes, preferem partir para cima do povo, tirando direitos com a boa desculpa de que o caixa est baixo,
com ameaa de passar o vexame de deixar de pagar a exgua aposentadoria per capita que se paga no Brasil.

H no pas uma boa onda instalada de combate corrupo. um pouco de alento… Esperemos que isto se espraie por todos os mbitos nacionais, inclusive a Previdncia, para que a reforma possa onerar o menos possvel os trabalhadores
que um dia vo se aposentar.

EDSON RIBEIRO PINTO
Diretor de Imprensa e Comunicao
Social da CNTC e presidente da
Fenavenpro.

Fonte: CNTC

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