Nmero de acidentes de trabalho registra queda em 2017
Apesar da queda no nmero absoluto de acidentes de trabalho no Brasil em 2017, a coordenadora de Sade do Trabalhador do Ministrio da Sade, Karla Bata, alertou hoje (3) que os nmeros precisam ser avaliados de forma relativa, considerando as mudanas no mercado trabalho no pas. Karla Bata participou de uma discusso na Escola Nacional de Sade Pblica da Fundao Oswaldo Cruz e avaliou dados levantados pelo prprio Ministrio da Sade, pela Secretaria de Previdncia e pelo Ministrio Pblico do Trabalho (MPT), contextualizando os nmeros com o desemprego e o crescimento do trabalho informal.
Segundo o Observatrio Digital de Sade e Segurana do Trabalho do MPT, foram registradas 574.050 comunicaes de acidentes de trabalho em 2017, e 585.971 em 2016. Karla disse que, se esses nmeros forem usados para calcular a incidncia a cada 100 mil empregos com carteira assinada, a queda se torna uma estabilidade. No posso avaliar isso sem pensar na mudana que houve no nmero de trabalhadores formais, ou de carteira assinada, que, de alguma forma, contribuem com a Previdncia.
Karla chamou a ateno para o aumento do coeficiente de incidncia de agravos e doenas relacionadas ao trabalho, contabilizados pelo Sistema de Informao de Agravos de Notificao (Sinan), do Ministrio da Sade. Segundo ela, apesar de os ndices no chamarem a ateno, se comparados com os de 2016, a variao percentual proporcional de 2007 a 2017 mostra mudanas acentuadas, como o aumento de 4.528,7% para cncer (de 0,001 por mil para 0,025 por mil) e de 1.449,6% para transtorno mental (de 0,016 por mil para 0,241 por mil).
Quando avaliada a faixa etria das pessoas afetadas por doenas e agravos relacionados ao trabalho, a maior variao percentual est entre pessoas na faixa de 10 a 14 anos, idade em que o nmero de casos subiu de 0,052 casos por mil em 2007 para 0,441 casos por mil em 2012, uma elevao de 752,7%. uma faixa etria que no deveria estar no [mercado de] trabalho, e isso est sendo captado pelo nosso sistema de sade.
A pesquisadora Vilma Santana, da Universidade Federal da Bahia, destacou o sub-registro e a falta de troca de dados entre as instituies, que muitas vezes recorrem academia ou a rgos de fiscalizao para obter dados que elas prprias produzem. Vilma lembrou tambm a necessidade de profissionais de sade estarem mais atentos relao entre a sade e o trabalho dos pacientes.
Fonte: Agncia Brasil